

O pontapé inicial
Sempre tive dificuldades de concentração para leituras e estudos. Minha vida sempre foi cheia de cliclos não concluídos: estudos e projetos iniciados e não finalizados. Mas sempre acreditava que fosse relapso, falta de disciplina e interesse. Na verdade foi o que aprendi a acreditar e aceitar. No trabalho, lidar com atividades chatas e bucrocráticas sempre foi dolorido. Procrastinar ao máximo era a forma que econtrava de fugir da responsabilidade.
Mas sempre me intrigou o fato de mesmo com dificuldade, estava sempre a buscar uma nova leitura, um novo livro ou uma nova coisa para estudar. Que mesmo com toda a dificuldade de concentração, desenvolvi com responsabilidade minhas atividades profissionais e acadêmicas e sempre busquei formas de driblar minha dificuldade de concentração.Me formei após 6 anos e meio de luta, sem trancar um semestre e em um curso de 4 anos. Após a graduação passei por um período de 4 anos longe do meio acadêmico. Foi então que voltei para o início de um curso de pós-graduação. Voltar a sentar na cadeira de uma universidade foi o estopim para que eu percebesse que minha dificuldade de concentração não era uma simples falta de interesse e foco e sim algo que fugisse ao meu controle, e que se fugia ao meu controle, haveria de existir uma forma de contorno.
Iniciei pesquisas na Internet e então conheci mais a fundo o termo DDA. Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha associado e nem ido a fundo no assunto. Comecei a ler relatos e características e comecei a me identificar em vários deles. A principal era a de que os sintomas começavam a manifestar na infância. De repente um filme começou a passar pela minha cabeça e comecei a lembrar de vários episódios onde minha dificuldade de atenção me trouxe prejuízos. Só que tudo ainda era muito vago. Quem poderia me ajudar a clarear estas lembranças? Ninguém melhor do que minha mãe.
Não moro com meus pais há alguns anos. Não moramos nem mesmo na mesma cidade. E em uma das minhas visitas a casa dos meus pais aproveitei para conversar com minha mãe. A primeira pergunta foi bem direta:
– Mãe, o que meus professores reclamavam tanto de mim na escola? Lembro de vocês sendo chamados para várias reuniões, mas nunca soube de fato o que incomodavam tanto eles no meu comportamento.
A resposta dela:
– A reclamação de todos era sempre a mesma: Você matava aula dentro de sala de aula. Sempre estava no mundo da lua. Apesar de ser um aluno com potencial de notas 10, contentava com um 5.
Depois da conversa com minha mãe, as coisas começaram a ficar mais claras. Comecei a fazer associações e fui ligando os pontos. Uma angústia tomou conta de mim. Uma sensação de que durante esse tempo fui rotulado de relapso, desinteressado e indisciplinado por conta de um distúrbio neuropsicológico que meus professores e pais não foram capazes de identificar. Comecei a somar os prejuízos e imaginar o que poderia ser diferente se um tratamento tivesse iniciado naquela época.
Eu já havia iniciado um tratamento psicoterápico com o objetivo de superar alguns traumas que dificultavam a minha vida profissional. Dificuldades estas nada ligadas a minha dificuldade de concentração. Em uma das sessões comentei com meu terapeuta sobre o assunto e comecei a relatar episódios da minha vida onde a minha dificuldade de concentração trouxe prejuízos a minha vida. Comentei também que havia feito testes online pelo site ABDA da e que os testes indicaram probabilidade de 60 a 80% de chances de que eu fosse portador de TDAH do tipo desatento. Depois de me ouvir ele explicou o que era o distúrbio, as formas de tratamento e me disse que eu, baseado no meu depoimento, tinha todas as característicias de um DDA e recomendou que eu procurasse um psiquiatra, pois só ele poderia me avaliar clinicamente para prescrever medicação para o tratamento. E que paralelo ao tratamento com o psiquiatra, poderíamos prosseguir com a terapia com o intuíto de ajudar na convivência com o distúrbio.
No próximo post falarei sobre a visita ao psiquiatra e o início do uso da medicação.
Este blog me ajudou muito, tenho 25 anos descobri que tenho TDAH quando cheguei no meu novo emprego pós o meu superior ele também ele tem ,ele me falou para procurar um neurologista ou psiquiatra …
vou começar a tomar medicamentos estou muito tranquila em descobrir fiquei feliz em descobrir esse blog
Ah, eu esqueci de me apresentar. Me chamo Kícia, tenho 22 anos e moro em Natal.
Abrindo um outro parênteses, fazendo um link com o post, eu queria muito que os professores me dissessem como me viam, pra ver se eu melhorava, mas ao mesmo tempo tinha muito medo de saber a opinião deles. Na minha escola os professores nem a direção chamavam os pais dos alunos para conversarem sobre eles. Havia reuniões, mas minha mãe não ia. Eu lamentava por isso, mas também ficava aliviada por ela não saber como eu "realmente era". Porque minha mãe sempre pensou que eu era muito feliz, que eu não sentia nenhuma dificuldade na escola, e não era a verdade. Voltando ao que eu estava falando no outro comentário, Eu saí super feliz dos médicos, eu FINALMENTE poderia ficar boa, já que tinha enfim descoberto o que eu tinha. Comecei o tratamento, sem que a minha mãe concordasse muito. Com alguns meses já me sentia melhor, eu conseguia prestar mais atenção às coisas (filmes, novelas, conversas), eu tinha vontade de levantar da cama, eu não achava que não tinha nada de bom que eu pudesse fazer, enfim, com a medicação minha vida melhorou muito. Só que faz 3 anos que tomo esse medicamento (Sertralina 75mg) e eu não me concentro bem nas aulas, nem nas conversas, nem nas minhas ideias. Essas coisas me fez ver que nem tudo foi "curado", que ainda tem coisa pra ser tratada, foi aí que esse ano eu passei a pensar em Déficit de Atenção. DDA foi uma coisa que eu também nunca pensei que tivesse, eu pensei que minha falta de concentração era devido à falta de prazer nas coisas, mas definitivamente não é. Lamento por estar enxergando isso somente agora, mas lamento também pelos profissionais que até hoje eu já passei (psiquiatras e psicólogos) nunca terem dito que havia uma possibilidade grande deu ter essa deficiência. Passei então, desde o ano passado a pesquisar sobre DDA, mas só esse ano dei a verdadeira importância a essa possibilidade de diagnóstico. Pensei que eu não tivesse DDA também pelo fato de ser uma doença que vem desde criança, e eu PENSAVA que eu não era assim desde criança, mas pensando bem cheguei a conclusão que sim, eu sempre fui desatenciosa e isso sempre me atrapalhou. Agora eu me encontro tentando uma consulta com um psiquiatra para ver qual a conclusão dele.
E ai Kícia?
Conseguiu a consulta com o psiquiatra?
Qual o diagnóstico?
Boa sorte.
Marcelo
Oi Marcelo, consegui sim, mas foi frustante. A médica descartou a primeira hipótese de ser DDA, e pediu que eu voltasse com o medicamento que eu tava (sertralina) porque ela acha que eu tava tendo outra crise de transtorno ansioso e depressivo. Segui a recomendação dela e voltei com o medicamento, depois de ter resistido um pouco a essa conclusão que ela teve.
Olá Kícia.
O DDA começa na infância. Você relatou que tudo começou na adolescência e aí mencionou depressão, seu quadro parece de ansioso.
Vou explicar minha historia e consulta:
Resolvi marcar uma consulta com um psiquiatra pq eu tinha quase certeza que estava em quadro ansioso. Tenho 24 anos e hj faço meu 2 curso superior, o 1° eu desisti pq não conseguia aprender – inúmeros cursos eu fiz, desisti (Enfermagem, nutrição, Tec em Informatica e por ai vai) e até reprovei no Ensino Medio.
Eu sempre fui ansiosa para muitas tarefas, e esse resultado era pior em tarefas escolares e até no meu trabalho onde eu costumava esquecer o que estava fazendo.
A consulta com minha médica foi otima, porem ela não sabia se minha ansiedade era por conta do TDAH ou ansiedade (TAG) mesmo. No entanto recebi medicação para TDAH por conta da entrevista que fez comigo e se eu piorasse com a medicação do TDAH, ou seja, ficasse irritada e ansiosa ela suspenderia a medicação e me passaria um Ansiolitco, ou seja, se vc , com dois diagnósticos de ansioso passar a tomar medicação de TDAH pode e muito piorar seu quadro de ansiedade e claro, os efeitos colaterais não são nada legais, variam de dor de cabeça, depressão, falta de apetite, mudanças na personalidade e até insonia.
Não falo que médicos tem toda a razão do mundo e claro eles pode errar, no entanto eles veem casos clínicos frequentemente e estudaram quase 10 anos para dar diagnósticos precisos de casos complexos, por isso peço que você pense com cuidado, calma a respeito dos possíveis sintomas do DDA e se de fato está afetando a sua vida, as vzs temos certeza que temos X diagnostico porque vemos sintomas com outras pessoas, na Internet e quando vemos não é nada disso.
Voltando ao meu caso, com a medicação eu tive melhoras notadas ate por colegas da faculdade que diziam que eu vivia em narnia, mundo de bob – sou do tipo desatento, e é muito desconfortável, chato, se perder em assuntos, conversas e até tarefas que exigem muita atenção.
Abraços!
Olá. Encontrei esse blog há uns 15 dias atrás, em um final de semana em que pra variar (sqn) eu estava tentando estudar, e claro, não estava obtendo êxito.
Vou contar um pouco da minha história. No ano de 2011, eu me encontrava na cidade de João Pessoa, no 5º período do meu curso, e eu já não aguentava mais tentar de tudo para melhorar a minha condição e não conseguir melhorá-la. Eu era uma menina aparentemente normal até meus 12 anos de idade. Eu estudava e conseguia me dar "bem" nas provas, apesar de sempre me sentir inferior às outras pessoas, e ter aqueles sintomas da depressão. (Pra ser mais exata, eu não era a melhor da turma, mas aprendia bem, especialmente quando eu gostava do assunto ou da disciplina. As que eu não gostava tinha dificuldade de aprender, mas sempre passava com notas boas). Voltando ao que eu estava relatando, ninguém percebia essas minhas dificuldades, muito menos eu, que era uma criança e não entendia nada da vida. Quando eu completei 13 anos, as coisas foram ficando mais difíceis, mas eu conseguia me dar bem nas disciplinas que eu me esforçava, até chegar aos 15 anos e a minha vida mudar totalmente. Eu passei a não querer querer estudar (ps.: é 'querer querer' mesmo) e passei a me dar mal na escola, além de sempre ter me dado mal nos meus relacionamentos (familiares e de amizade). Resumindo um pouco pra chegar aonde estou querendo chegar, exausta de não conseguir fazer as coisas que eu conseguia fazer antes, e dos sintomas da depressão estarem bem pior, eu CONSEGUI procurar um psiquiatra, foi então que ele me diagnosticou com Transtorno Depressivo e Ansioso. Eu tinha pensando em todos os tipos de doenças, menos em depressão. Pq eu pensava que depressão era só uma vontade de chorar profunda, e eu tinha muito mais do que isso. Fui a outro médico para confirmar e ele deu o mesmo diagnóstico.